quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Manifestante sai do anonimato e revela os verdadeiros motivos de sua revolta

Extremamente contrariado por entender que o vereador Sandro Daumiro da Silva (PPS) traiu a confiança dos eleitores do bairro Paranaguamirim, o até então anônimo Anderson de Amorim, 30 anos, viu a oportunidade de manifestar seu descontentamento em uma reunião realizada no último dia 14 de janeiro, na Paróquia Santa Luzia, localizada no mesmo bairro.

A reunião era para tratar do problema causado pelas cheias que há muito tempo assolam o bairro, mas parece que a paciência dos moradores e de Anderson, eleitor declarado de Sandro, também estava cheia.

"Sandro, você não tem vergonha na cara, não?"

A reunião na paróquia contou com mais de 500 moradores e na ocasião estiveram presentes os vereadores James Schroeder (PDT), Patrício Destro (DEM), Adilson Mariano (PT), Mauricio Peixer (PSDB) e o presidente da Câmara de Vereadores de Joinville, Sandro Silva (PPS). O deputado Kennedy Nunes (PP) e o secretário regional do Paranaguamirim, Lioilson Correa, também compareceram. Mas quem roubou a cena mesmo foi o modelista industrial Anderson.

O vereador Sandro Daumiro mal conseguiu balbuciar o "boa noite" ao público quando foi surpreendido pela sonora frase que ecoou no silencioso ambiente. "Você não tem vergonha na cara, não?" disparada com a precisão de uma flecha certeira contra o presidente da Câmara.

O constrangimento de Sandro foi notório. Aliás, o vereador tem recebido manifestações em praticamente todos os locais que aparece. A diferença nesse caso é que alguém resolveu em alto e bom tom expressar o sentimento de revolta reinante no bairro Paranaguamirim.

Anderson deu o recado e, como resposta, Sandro acionou sua tropa de choque para tentar abafar o escândalo, mas já era tarde. A frase de Anderson repercutiu como os sapatos atirados contra o ex-presidente americano George Bush. A maioria queria fazer alguma coisa para manifestar sua indignação e alguém foi lá e fez.

As razões do protesto

"O que mais me causou decepção foi o Sandro manter o mesmo pessoal que estava lá na Câmara. Eu penso que todo mundo votou por uma Joinville nova. A permanência do Toninho Neves e do Veríssimo é inadmissível. Essas pessoas estão lá há muito tempo, está na hora de mudar. E a decisão de manter esse pessoal foi do Sandro, isso já está muito manjado."

Convidado para a reunião

O modelista conta que foi convidado a participar da reunião pelos próprios organizadores. "Carros de som passavam o tempo todo convidando a população. E como eu faço parte da população automaticamente estava convidado", explicou. Questionado sobre sua manifestação, ele confirma seu entendimento. "Eu disse que ele era sem-vergonha e que não poderia ter feito o que fez; que ele deveria ter vergonha de aparecer no bairro. Disse também, que ele era mercenário trocando os nossos votos por um cargo", relatou Anderson.

Ele também justifica sua ação. "E eu me acho no direito de ir lá cobrar ele, porque se ele tem o direito de me parar na rua e pedir o meu voto, eu também tenho direito de cobrar. Quando eu estava andando aqui pelo bairro ele vinha e pegava na minha mão e eu dispus do meu tempo para ouvir o que ele tinha pra falar. Por que eu não posso fazer a mesma coisa?", perguntou.

Queriam nos calar à força

Anderson afirma ter sido vítima de ameaças e intimidações de assessores de Sandro Daumiro. "Não me deixaram falar. Não pude expressar um direito meu. Do lado de fora da igreja começaram me ameaçar, queriam me agredir.

Pessoas que eu não conheço e com um crachá pendurado dizendo ‘assessor Sandro Silva’ me ameaçaram de agressão. Diziam para eu sair se não eles iriam me quebrar de pau." Diante da animosidade e da iminente violência, Anderson resolveu ir embora. Entretanto, as ameaças voltaram a acontecer. "Saí dali e fui até uma cabeleireira aqui próximo de minha casa cortar o cabelo. Quando estava retornando para minha casa assessores do Sandro me cercaram no meio da rua e tentaram novamente me agredir ali, longe da imprensa. Queriam saber se eu fui pago para fazer aquilo", lamentou.

Mas as ameaças deram ainda mais incentivo a Anderson Amorim. Ele conta que a mudança tão alardeada durante a campanha está ameaçada. E que para isso não ocorra, promete acompanhar a votação dos projetos na Câmara. "Não vou admitir a prática do voto em troca de favorzinhos", finalizou.

Nenhum comentário: