quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dona de O Dia irá criar Redação em Brasília e aposta na integração de conteúdo

O grupo Ejesa (dono dos jornais O Dia, Brasil Econômico, Meia Hora e Marca Br), anunciou que irá lançar uma Redação em Brasília, para abastecer seus jornais com conteúdo da capital federal. Ainda este ano, além da nova Redação em Brasília e de novas instalações no Rio de Janeiro, a empresa investirá na integração das Redações de seus títulos.

"Vamos instalar uma equipe em Brasília que vai produzir conteúdo sobre o poder econômico e político para alimentar os nossos jornais. Não vai ser um veículo por si só, mas vai ser uma Redação que vai alimentar os nossos vários títulos”, explica Maria Alexandra.

A Redação do O Dia, Meia Hora e Marca Br, atualmente localizada no centro do Rio de Janeiro, passará a ocupar um prédio no bairro Cidade Nova, também na região central. Com a mudança, a empresa pretende integrar as Redações.

Integração

“Com a integração, o melhor jornalista de cada tema, com a sua equipe, trabalha com um conjunto de títulos, que depois serão adaptados ao seu público. Então vamos ter os melhores jornalistas especializados, com conteúdos que se adaptem ao seu título ou plataforma (mpresso, web, iPad). Isso não quer dizer que eu não dê importância para as marcas. Eu considero as nossas marcas artigos valiosos. Cada marca tem uma personalidade única”, explica Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos, presidente do Conselho de Administração da Ejesa.

Alexandre Freeland, diretor executivo da empresa, conta que já existe integração entre o online e o impresso, mas que essa convergência será ainda maior. “Atualmente existe uma sinergia fantástica entre o online e o impresso. Queremos transportar essa sinergia para diferentes plataformas”, afirma.

Ele também explica que a convergência gera empregos nas duas cidades. "Os postos de trabalho em SP também criaram novas oportunidades de empregos aqui no Rio de Janeiro. Por exemplo, temos a infografia compartilhada, que gerou empregos no Rio e em São Paulo".

Crescimento


Quando foi criada, em setembro de 2009, a Ejesa contava com 96 colaboradores. Hoje, com a compra do O Dia e novas contratações, já são 1.200, 334 destes no Brasil Econômico. Ao todo, o grupo tem uma audiência de três milhões de leitores por dia.

O Dia, que irá completar 60 anos em 2011, representa a maior receita da empresa, que fechou 2010 com média 60.057 exemplares vendidos diariamente. No entanto, é o Meia Hora que circula nas mãos de um número maior de leitores, com uma média de 157.654 de circulação diária. O jornal é vendido a preço popular, R$ 0,50.

Maria Alexandra visita as obras das novas instalações da Redação, ao lado de Alexandre Freeland (Foto: João Laet)


classe C abriu as portas

Maria Alexandra enfatiza que o crescimento da classe C foi determinante para a criação da empresa. “A classe C e o que está acontecendo no Brasil, em contraste com o resto do mundo, foi o que me convenceu a investir e criar a Ejesa. Só, e mais nada. Com a entrada de dezenas de milhões à classe C, e com milhões de estudantes que vão rapidamente ingressar no mercado de trabalho e são consumidores da informação, o Brasil está vivendo um momento único”, diz.

Concorrência entre populares

O mercado de títulos populares é cada vez mais disputado. Dos dez jornais brasileiros mais vendidos, quatro são populares, mas Maria Alexandra diz estar confiante. “Nós achamos que o Meia Hora é diferenciado. O Meia Hora é um dos nossos best-sellers, tem um índice de leitura que é uma loucura (2 milhões e 600 mil pessoas). É um jornal que circula nas mãos de muita gente".

Diferente do que acontece no Rio de Janeiro, em São Paulo o Meia Hora não encontra concorrentes com preço de capa similar. Mas há os jornais gratuitos, no entanto o grupo não se preocupa com esse tipo de veículo. “Eles têm uma área de atuação muito definida e numa região geográfica que eles procuram privilegiar o consumidor das classes A e B, e o nosso negócio é trabalhar com a classe C. Então o Meia Hora não tem concorrentes em São Paulo”, explica o novo diretor executivo do grupo, Paulo Fraga.

Desfiliação da ANJ

Em julho de 2010, a Ejesa pediu a desfiliação dos veículos do grupo da Associação Nacional de Jornais, após ter sido acusada pela entidade de violar o limite de 30% de capital estrangeiro na empresa. Para Maria Alexandra, que é brasileira, detém mais de 70% da participação da empresa, e conta com uma participação de menos de 30% do grupo português Ongoing Participações S.A, a acusação é absurda.

“Nós consideramos que essa atitude da ANJ é completamente incompreensível e inaceitável. Será que eles estão colocando as minhas competências como empresária em questão por eu ser mulher? Ou será medo da concorrência. Talvez seja mais por aí”, criticou.

Desafios e objetivos

Atualmente, os desafios e objetivos do grupo são atingir ainda mais praças de circulação dos jornais, criar a Redação em Brasília e aumentar a circulação do Brasil Econômico, que a empresa considera estar em um bom caminho, mas que pode crescer ainda mais. Atualmente, o Brasil Econômico, lançado em outubro de 2009, conta com uma tiragem de 40 mil exemplares, contra 54 mil de seu principal concorrente, o Valor Econômico. “Queremos transformá-lo no maior”, afirma Maria Alexandra.

Izabela Vasconcelos - Comunique-se