sábado, 18 de dezembro de 2010

Ditabranda: Folha se livra de indenizar leitor que pedia que jornal se desculpasse “de joelhos”

A 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo negou pedido de indenização do professor de Direito e advogado Fábio Konder Comparato contra o jornal Folha de S.Paulo. O advogado se indignou com o editorial “Limites a Chávez”, que dizia que a ditadura no Brasil foi uma “ditabranda”, e atacou o jornal. Em resposta, a Folha também criticou Comparato.


“De joelhos”

Em carta publicada no Painel dos Leitores, o advogado dizia que o editorial era “vergonhoso” e o autor e o revisor do texto, publicado em 17 de fevereiro de 2009, “deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro”.

“Democrata de fachada”

Após a crítica, a Folha respondeu com uma nota da Redação, alegando que respeitava a opinião dos leitores, mas que Comparato não expressava repúdio a ditaduras de esquerda e por isso sua “indignação” era “cínica e mentirosa”. Em outros artigos, o veículo afirmou que o advogado era um “democrata de fachada”.

Ofendido com a acusação de cinismo e mentira, o advogado entrou na Justiça pedindo indenização por danos morais. Para Comparato, o jornal deveria ter acionado a Justiça e não usado o jornal para fazer acusações.

Justiça diz que troca de ofensas foi proporcional

Para a juíza Alessandra Laskowski, da 21ª Vara Cível de São Paulo, embora a Folha tenha usado termos pejorativos para responder o leitor, foi o advogado que deu início às agressões pessoais, ao discordar do editorial.

"É evidente o excesso do autor ao expressar sua discordância com o conteúdo do editorial. O autor não respeitou a liberdade de pensamento, sendo que em sua carta resposta não se limitou a expressar sua opinião sobre a ditadura, mas também apresentou sugestão de humilhação ao réu.

O desembargador Paulo Alcides Amaral Salles defendeu que a reação da Folha à crítica do advogado foi proporcional, por este motivo não há motivos para indenização.

Na época, o polêmico editorial foi fortemente criticado, tanto que um grupo de cerca de 300 pessoas chegou a fazer protesto em frente à sede do jornal.

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

WikiLeaks: Dados são exclusividade da Folha e O Globo, mas site não interfere na publicação






As informações vazadas pelo Wikileaks são repercutidas diariamente pela imprensa mundial, no entanto somente sete veículos possuem acesso exclusivo aos arquivos secretos. Entre eles estão os jornais Folha de S. Paulo e O Globo, responsáveis pela checagem e publicação de informações contidas em três mil documentos confidenciais que abordam o Brasil. Os jornais têm autonomia para escolher, dentre todos os dados, o que deve ou não ser publicado.

Além dos periódicos nacionais, a jornalista da revista Carta Capital Natalia Viana, uma das colaboradoras do site Wikileaks, também tem acesso aos telegramas. Quanto à imprensa, ela garante. “Tudo relativo ao Brasil está com a Folha e Globo”, disse Natalia, em debate realizado na noite desta quarta-feira (15/12). Segundo a repórter, o jornal O Globo, por exemplo, montou uma equipe para apurar todos os documentos.

De acordo com ela, o Wikileaks não interfere nas publicações de Folha e Globo e cabe aos veículos escolherem o que deve ser divulgado. "O Wikileaks não irá julgar o tratamento dado pela Folha, cabe ao jornal decidir o que ele quer soltar”. No mundo, a parceria entre o site de Julian Assange e a imprensa é formada por The New York Times (Estados Unidos), The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França), El Pais (Espanha) e pela revista Der Spiegel (Alemanha).

Estima-se que todos os documentos, cerca de 250 mil, serão disponibilizados para os internautas em janeiro do ano que vem. No olho do furacão, como a própria Natalia Viana, define seu atual momento, ela diz que tem sofrido pressão de diversos veículos que estão em busca do furo de reportagem, mas que “pouca gente está olhando o material” disponível no site.

O que os documentos falam sobre o Brasil
Dona de um blog pela revista Carta Capital que aborda o assunto, Natalia disse que os documentos são muito saborosos de ler. “Contam a história inteirinha do governo Lula na visão da diplomacia americana”, diz. Em um dos seus primeiros posts, os telegramas revelavam o que embaixadores dos EUA pensavam de Lula e sua cúpula de ministros, definindo Aloizio Mercadante, por exemplo, como “radical”.

Renan Justi - Comunique-se