quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Cidade natal, aniversário, profissão, Gazeta de Joinville e denúncias. Muita coincidência


Também nasci na mesma cidade e data que Crispim Mira, exerço a mesma profissão e realizei algumas denúncias que culminaram em condenações. Espero que as concidências parem por aí.



13 de setembro: nascimento de Crispim Mira

Em 13 de setembro de 1880 nascia em Joinville Crispim Mira, mártir do jornalismo catarinense. Foi covardemente assassinado em Florianópolis, em 1927, depois de denunciar nepotismo e desvio de verbas na construção do porto da Capital. Mesmo sendo um tema tão atual – o combate à corrupção – esta tragédia continua desconhecida da maioria dos catarinenses. Pouco se fala deste grande jornalista, advogado e escritor, autor de 14 livros, entre eles Terra Catharinense (obra elogiada por Monteiro Lobato), Os Alemães no Brasil e Acorda Brasil. Para tentar superar esta lacuna na mídia, em 2007, durante as comemorações dos 80 anos da morte do jornalista, a Assembleia Legislativa criou a Medalha Crispim Mira,. Esta honraria, proposta pelo deputado Darci de Matos, tem o objetivo de homenagear profissionais que tenham atuação destacada e combativa nas tevês, rádios e jornais do Estado. 

Na ocasião, Darci de Matos comentava: “Com esta medalha queremos resgatar a memória de Crispim Mira e que seu exemplo de combatividade seja seguido, pois, nunca calou a sua voz, mesmo sofrendo ameaças dos poderosos”. Aos 19 anos, Crispim Mira iniciou sua carreira jornalística em Joinville, sendo redator na Gazeta de Joinville e depois no Jornal do Povo. Em 1908 está trabalhando em Florianópolis, na Gazeta Catharinense e no ano seguinte funda o jornal Folha de Commercio, onde inicia uma série de artigos falando do abandono do porto da Capital. Dezessete anos mais tarde, outras denúncias sobre o porto, desta vez em seu novo jornal, Folha Nova, seriam o pivô de seu assassinato. Em fevereiro de 1927 Mira dá detalhes de nepotismo, fraude e desvio de recursos públicos da Comissão de Melhoramentos dos Portos, órgão encarregado da manutenção dos portos. O diretor da instituição, Tito Lopez, se sentiu ofendido e desafiou Crispim Mira para um duelo. Este foi lacônico e disse que sua arma seria a pena e colocou as páginas de seu jornal à disposição do ofendido para nela defender-se

No dia seguinte, 17 de fevereiro, Aécio Lopes, filho de Tito Lopez, também funcionário da Comissão de Melhoramentos dos Portos, na companhia de outras três pessoas, dirige-se à redação da Folha Nova e dispara dez tiros, um deles atinge Crispim Mira que deixava a redação junto com seu filho de 14 anos. No dia 5 de março o jornalista morre, aos 46 anos de idade. Cerca de 10 mil pessoas, numa cidade de 40 mil habitantes, participaram de seu enterro. Houve uma farsa no julgamento e os quatro acusados do crime foram absolvidos. O escritor Enéas Athanásio escreveu que a morte de Crispim Mira “é uma página negra da história catarinense, página que, embora amarga, não pode e não deve ser esquecida para que nunca mais se repita”. Florianópolis e Joinville ainda estão devendo o resgate deste herói. É inconcebível que seu nome não seja citado nas escolas como exemplo de ética, que pagou com o seu próprio sangue as denúncias de corrupção.