Um ano depois, por motivos eleitoreiros.
Há um ano, o então Secretário de Infraestrutura Urbana, Nelson Trigo entregava ao Prefeito Carlito Merss sua carta de demissão. O motivo? Mesmo depois da análise criteriosa feita pelo professor, o prefeito Carlito Merss mantinha o aumento da passagem de ônibus.
Trigo apontara em memorando do dia 11 de maio de 2009, dois dias antes de sua demissão, uma série de falhas nas planilhas das empresas Gidion e Transtusa e orientava o prefeito a não conceder o aumento, sem que se fizesse uma fiscalização rigorosa. Dizia ele: “Não podemos de forma alguma concordar com esta prática de pouca fiscalização, de aceitar, pura e simplesmente, o que as empresas nos informam. Precisamos mudar os procedimentos, fiscalizar e controlar efetivamente. Temos a obrigação de fazer diferente, de romper com este modelo que vinha sendo adotado”.
A demissão de Trigo foi um grito à sociedade: “Estão fazendo a coisa errada e não podemos mais concordar!”.
Exatamente 11 meses e uma semana depois, Carlito envia nota à imprensa dizendo que este ano não concederá aumento. Na nota oficial, a prefeitura diz que “considerando o compromisso com o controle social e a transparência das planilhas de custos do sistema de transporte público; irá “contratar consultoria especializada para a formatação da planilha de custos, com base na transitoriedade do atual sistema até a conclusão do processo licitatório”.
Mas o que aconteceu para que a postura do prefeito mudasse? Se ele foi avisado há um ano que era necessária a formatação de uma nova planilha e melhor fiscalização? Será ele tão lerdo que só agora entendeu o teor da carta de Trigo? Não! Carlito não é bobo, houve em sua decisão uma única motivação: a política. Ele usou a questão técnica, da necessidade de formatar uma nova planilha, para tomar uma decisão política, ou devo dizer politiqueira?
Veja que na quinta-feira passada, em entrevista, ele dizia que pensava num aumento para no máximo R$ 2,55; porém, quatro dias depois, logo após o resultado da pesquisa do Datafolha que mostra Dilma, 20 pontos percentuais atrás de Serra na Região Sul, ele decide cancelar o aumento. Lembremos que Carlito está a frente da maior cidade da região governada pelo PT (Curitiba é administrada pelo PSDB e Porto Alegre pelo PMDB
E ele está bem tranquilo para fazer essa jogada política, afinal, em maio do ano passado, o aumento concedido por Carlito foi acima da inflação; de lá pra cá, o diesel teve decréscimo de 10% na bomba; a gratuidade para usuários entre 60 e 64 anos foi cancelada; e o percentual de aumento do salário dos motoristas, termo assinado pela Gidion e Transtusa, não foi respeitado.
Continuo defendendo minhas posições, as mesmas de quando fiz acordo com o candidato Carlito Merss, no segundo turno das eleições. Precisamos subisidiar com dinheiro público as gratuidades do sistema para reduzir o valor da passagem e fiscalizar os números apresentados pelas empresas permissionárias. Este anuncio da prefeitura é apenas um jogo de cena.
Para finalizar, o prefeito Carlito Merss fixa o aumento para janeiro de 2011. É ou não uma atitude eleitoreira? Abram os olhos, eleitores, e não esqueçam: a memória é uma arma.
Deputado Kennedy Nunes
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