quarta-feira, 14 de abril de 2010

Matéria publicada na Gazeta de Joinville em dezembro de 2006

CARROS FORTES! O PERIGO EM SUAS PARADAS

Rogério Giessel
rogeriogiessel@hotmail.com

Caixas eletrônicos espalhados em locais de grande movimentação põem em risco a vida de inocentes

Andar pelas ruas de Joinville ou transitar em lugares movimentados como supermercados, shoppings centers ou freqüentar algum colégio, pode não parecer, mas é extremamente perigoso e requer um constante estado de alerta. Com o intuito de propiciar aos clientes mais conforto e agilidade nas transações bancárias, muitas instituições financeiras disponibilizaram caixas eletrônicos em vários locais de grande circulação de pessoas. No entanto o item segurança é esquecido, deixando um perigo escondido atrás dessas máquinas. Todos os dias elas recebem a visita de um carro-forte repleto de seguranças incumbidos de abastecê-las com dinheiro. Esses profissionais, sempre bem equipados com armas de alto poder de fogo se posicionam de forma a protegê-las naquele instante. Porém, se nesse momento ocorrer uma tentativa de assalto a esses vigilantes, o resultado poderá ser catastrófico, incidindo na morte de muitos inocentes. O problema se agrava quando a situação é em instituições de ensino que utilizam os serviços de caixas eletrônicos. Nestes estabelecimentos, não é raro encontrar em meio a crianças brincando, homens fortemente armados fazendo a segurança do dinheiro que abastecem essas máquinas.


REAÇÃO DOS SEGURANÇAS DE CARRO-FORTE MATA CLIENTE EM BANCO


O problema veio à tona com o caso ocorrido no dia 17, em Itapema, litoral norte de Santa Catarina, quando a comerciante morreu vitima de um tiro disparado em uma tentativa de assalto a uma agência do HSBC. Um carro forte chegou por volta das 14 horas trazendo malotes de dinheiro para o banco, que fica localizado na Avenida Nereu Ramos. No interior da agência estavam duas mulheres e quatro homens. Um dos funcionários da empresa de transportes de valores desconfiou dos quatro homens, e solicitou aos seus companheiros que descessem do carro-forte com suas armas já engatilhadas. Quando os vigilantes se aproximaram da porta giratória, foram abordados e reagiram a tiros. Assustada Maria Júlia correu, sendo alvejada e morta. Os assaltantes Zakeeu Gonçalves 49 anos, e seu filho Jessé Gonçalves 22, também morreram no local. Os outros dois assaltantes também eram filhos de Zakeeu, e foram feridos na ação. A polícia ainda não tem pistas de onde partiu o tiro que matou a comerciante. Esse fato retrata o desfecho trágico acarretado por uma situação que muitos não se dão conta.


“EM CASO DE TIROTEIO VAI SOBRAR PARA QUEM ESTIVER POR PERTO”


As empresas de segurança que exploram o serviço quase não falam a respeito do problema, mas afirmam, em uma situação que exija a atuação de seus funcionários eles reagirão. “Infelizmente em caso de tiroteio vai sobrar para quem estiver por perto” revela um funcionário do setor operacional de uma das empresas que atuam em Joinville, e que preferiu não se identificar. A empresa se defende alegando que este tipo de operação é fundamentada por lei, e sugere, seria prudente os bancos serem mais criteriosos na escolha dos locais onde são instalados os terminais. “Um local mais isolado diminuiria os riscos de um inocente ser atingido por um disparo em caso de assalto” concluiu o funcionário.

EM JOINVILLE A LEI QUE ESTABELECE LOCAIS NÃO É CUMPRIDA


Em 11 de setembro de 2003, entrou em vigor em Joinville, a lei ordinária 4821/2003, de autoria do vereador Zulmar Valverde (PFL). A lei obriga as agências bancárias a implantar um espaço reservado na área interna, longe da movimentação de pedestres. A lei ainda prevê que a atividade deve ser fiscalizada pelo poder executivo através de órgão competente. Mas na prática apenas algumas agências estatais cumprem a determinação. Segundo o vereador basta andar pelas ruas para ver que os carros-fortes continuam utilizando locais de alto risco para a população. “Infelizmente a prefeitura municipal de Joinville não está cumprindo o seu papel que é fazer com que se cumpra a lei.”, lamenta Zulmar.

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